quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Relação da chegada da Família Real com a Independência do Brasil

Oliveira Lima, historiador e diplomata pernambucano que viveu entre 1867 e 1928, encontra uma espécie de continuidade entre a vinda da corte e a nossa independência: uma monarquia cercada de repúblicas por todos os lados. Trata-se de uma interpretação marcada por uma lógica basicamente voltada para a centralidade do Rio de Janeiro, e que pouca importância dá às demais províncias, também atuantes nesse processo. Por exemplo, ao tratar da elevação do Brasil a Reino Unido, em 1815, Lima já mostra como as "conseqüências desse estado de coisas eram fortuitas, mas imperiosas". Além do mais, apesar de não apostar na lenda da administração impecável dos tempos de D. João, ele não deixa de asseverar que a transladação da corte constituiria a única explicação para a "originalidade" da nossa emancipação. Por sinal, o historiador usa uma centena de páginas para descrever as melhorias militares, administrativas, culturais e urbanas realizadas por D. João - "um verdadeiro trabalho de aformoseamento"; sempre procurando comprovar como nosso destino era não só previsível como antecipado. O fato é que para Oliveira Lima Dom João foi o verdadeiro fundador da América, aquele que, obrigado a voltar para Portugal, em 1821, regressava menos rei do que chegara, deixando um Brasil maior do que encontrara. A revolução pernambucana de 1817 ou a rebelião liberal do Porto demonstravam como os tempos eram outros e que a lua-de-mel no Brasil alcançara o fim. Na última página deste livre que se lê como um longo romance, D. João parte triste, receoso, lusco-fusco. A rainha, ao contrário, segue delirante, feliz por ir de encontro "à terra de gente".

Nenhum comentário: